terça-feira, outubro 18, 2005

GRIPE DAS AVES

I Preâmbulo

Enquadramento Histórico

O síndroma originado pelos vírus influenza foi referido pela primeira vez por Hipócrates, no ano 412 AC, e a
primeira descrição completa de uma pandemia gripal data de 1580 (Era Cristã); desde então ocorreram mais de 30 pandemias causadas por diferentes tipos de vírus influenza. No século XX houve três grandes pandemias, todas originadas e transmitidas por animais (suínos em 1918 e aves em 1957 e 1968). A mais devastadora foi a "gripe espanhola", devida ao vírus Influenzae A (H1N1), que matou entre 30 a 40 milhões de pessoas entre 1918 e 1920.
As pandemias de 1957 (gripe asiática) e de 1968 (gripe de Hong Kong) mataram mais de 4 milhões de pessoas, sobretudo crianças e idosos; a primeira foi devida ao subtipo A (H2N2) e a segunda aos subtipos A (H3N2) e A(H1N1).


Tipologias

Conhecem-se actualmente três tipos diferentes de vírus influenza: A, B e C. O tipo A subdivide-se ainda em vários subtipos, sendo os subtipos H1N1, H2N2 e H3N2, responsáveis por grandes epidemias e pandemias. O tipo B também tem originado epidemias mais ou menos extensas e o tipo C está geralmente associado a casos
esporádicos e surtos localizados.

Os tipos A e B circulam continuamente em populações humanas e sofrem mutações frequentes. Em relação ao tipo A, podem surgir subtipos completamente novos ("shift" antigénico), responsáveis por epidemias e pandemias mais ou menos extensas (vulnerabilidade global das populações, devida a inexistência de exposição anterior ao vírus). Estes "shifts" antigénicos, ocorrem irregularmente e resultam da recombinação imprevisível entre antigénios humanos e animais (suínos ou aves, sobretudo patos/gansos). As alterações antigénicas "minor" ("drift" antigénico) são frequentes nos tipos A e B, e são responsáveis pelas epidemias periódicas, geralmente anuais, que ocorrem em inúmeros países e regiões dos cinco continentes. As adaptações anuais às vacinas anti-influenza efectuam-se com base nestes "drift" antigénicos.

Em Maio de 1997, o vírus Influenzae A(H5N1) foi isolado pela primeira vez em humanos, numa criança de Hong Kong que faleceu com o Síndroma de Reye – o Síndroma de Reye, envolvendo o sistema nervoso central e o fígado, é uma complicação rara em crianças e está associada à ingestão de salicilatos ( p.e. aspirina ), sendo mais frequente em crianças com Influenzae B e menos frequente nos casos de Influenzae A.

Antes deste acontecimento, só se tinha conhecimento da ocorrência do vírus Influenzae A(H5N1) em diferentes espécies de aves (daqui a designação de "gripe das aves"), incluindo galinhas e patos/gansos, sabendo-se ainda que a maior parte das galinhas infectadas morria num curto espaço de tempo, e que patos/gansos eram os principais reservatórios do vírus. O subtipo H5N1 foi isolado pela primeira vez em estorninhos, em 1961, na África do Sul.

Durante a primavera de 1997, foi detectado em Hong Kong um elevado número de galinhas doentes com "gripe das aves" e subsequentemente foram diagnosticados 18 casos de infecção pelo H5N1 em pessoas residentes no território, 6 dos quais foram fatais (taxa de letalidade: 33%). Estudos iniciados durante o surto de Hong Kong, comprovaram posteriormente a transmissão animal-homem (aves vivas → homem) e a inexistência de risco de infecção através do contacto ou consumo de carnes frescas ou congeladas dos animais. Contudo, ainda não foi possível excluir-se a possibilidade de transmissão homem-homem.


II Transmissão

• Transmite-se aos humanos por contacto directo com aves doentes/infectadas ou superfícies contaminadas.

• De acordo com nota publicada pelo Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas - através da Direcção Geral de Veterinária (2005/09/02). O vírus da Gripe das Aves não se transmite por via alimentar, sendo por isso seguro o consumo de carne de aves.

• Difunde-se por intermédio de aves domésticas ou migratórias, sendo estas o seu reservatório natural.

• O vírus está presente nas fezes e secreções das aves.

• Questiona-se a transmissão Homem / Homem.

• O período de incubação é desconhecido – 1 a 2 dias ( ? )


III Sintomatologia

• Inicialmente não se distingue de um caso de Gripe.

• Os sintomas têm início súbito, são intensos e incapacitantes.

• Febre elevada, arrepios, dores de cabeça, musculares e das articulações, acompanhadas de tosse não produtiva e prostração.

• A febre tende a ser mais elevada nas crianças, podendo levar a convulsões.

• Segundo o Instituto Robert Roch, cerca de 50% dos doentes apresentam diarreia severa.

• No caso da Gripe das Aves, os sintomas são mais intensos e tendem a ter um maior envolvimento do organismo que numa gripe vulgar.


IV Contágio

• Viagens por áreas afectadas

• Contacto com aves contaminadas vivas ou mortas (fezes, secreções)

• Contacto com superfícies contaminadas

• Permanece indefinido o risco de contágio Homem / Homem, assumindo-se que a existir, seja baixo


V Risco Humano

A Gripe das Aves apresenta risco significativo?

• O vírus H5N1 é pouco contagioso como se demonstra pelo escasso número de doentes humanos, ressalvando-se contudo, que a mortalidade é muito alta.

• Há que ter em atenção:

- Mutações frequentes dos genes

- Possibilidade de recombinação entre antigénios humanos e animais


VI Prevenção

Vacinação

• Não há vacina específica; nos Estados Unidos da América, encontra-se em fase experimental uma vacina para uso humano;

• Recomenda-se a vacinação contra a gripe (a fazer anualmente) que poderá conferir protecção contra uma possível recombinação do vírus influenza com a estirpe aviária.

Outras Medidas

Antes de viajar por áreas endémicas deverá:

• Informar-se sobre a Gripe das Aves;

• Comparecer numa “Consulta do Viajante“;

• Vacinar-se contra a gripe;

• Levar medicação adequada, nomeadamente OSELTAMIVIR “TAMIFLU“ – medicamento que poderá ser usado para prevenir ou diminuir a intensidade dos sintomas da Gripe das Aves;

• NUNCA VIAJAR FEBRIL.


Durante a viagem:

• Evitar o contacto com aves, mercados ou quintas onde existam aves, bem como locais potencialmente contaminados;

• Lavar as mãos frequentemente;

• Fazer, se necessário, limpeza com toalhetes desinfectantes;

• Usar lenços e toalhas descartáveis;

• Promover uma adequada ventilação dos espaços, evitando locais com grande concentração de pessoas e/ou mal ventilados;

• Evitar eventuais contactos com portadores de síndromas gripais ou estados febris;

• Procurar fazer uma dieta equilibrada, exercício físico e repouso adequados, de modo a manter as defesas do organismo;

• Procurar cuidados médicos mal se manifestem os primeiros sintomas, o que será ainda mais imperioso
aquando do regresso de áreas onde cursa a doença.


Elaborado por:

Castro Correia – Director Clínico

2 comentários:

Continuaranónimo/a disse...

Então pá???
Quase que copiavas do meu blog...
;-)

A sério, compreendo que coloques um texto sobre este assunto que de momento atormenta vários países.
Divulgar para prevenir!

ZekE disse...

Honestamente só vi que tinhas no blog depois de o ter postado :S sorry...mas a prevenção nunca é demais, tens razão.